Saint-Exupéry renasce
MinC autoriza a restauração de casarão que abrigou pilotos franceses na Capital
por RENÊ MÜLLER
Uma das histórias mais curiosas da Ilha de Santa Catarina é a da operação da Aéropostale, a companhia francesa de correio aéreo, que tinha uma de suas bases de operação no Campeche, e para a qual pilotava uma figura ímpar: o escritor de O Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry.
Às 15h de hoje, o sobrinho-neto do autor, Olivier d’Agay, recebe, na superintendência estadual do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a cópia do documento de aprovação sem restrições para o projeto de restauro e revitalização da antiga casa dos pilotos (conhecida como “popote”), uma das mais antigas construções da comunidade.
Olivier é diretor da Succession Saint-Exupéry, e coordena todas as ações comerciais que envolvem os produtos derivados do Pequeno Príncipe e também das ações culturais pela memória de Saint-Exupéry no mundo.
O documento de aprovação está localizado no Ministério da Cultura (MinC). O resgate será fundamental para a memória do Campeche. Cria um espaço de caráter multicultural para uso comunitário do imóvel, que vai abrigar a exposição permanente doada pela instituição francesa Mémoire d’Aéropostale.
– É o principal momento de todo o nosso trabalho – destaca a representante da Succession Saint-Exupéry em Santa Catarina e idealizadora do projeto cultural De Saint-Exupéry a Zeperri, Mônica Cristina Corrêa. Olivier, que está na Ilha desde ontem para uma agenda oficial de dois dias,visitou a exposição infanto-juvenil O Aviador e o Pescador, montada no Palácio Cruz e Sousa e da qual a Succession foi a principal patrocinadora.
Hoje, visita a escola municipal Brigadeiro Eduardo Gomes, do Campeche, para a qual está em andamento o projeto de ensino da língua francesa aos jovens. Outra exposição em memória a Saint-Exupéry também será visitada. Ela faz parte do Nature Festival, e é parte da programação do Floripa Tem no Riozinho. Começa hoje e permanece aberta à visitação até domingo.
Ligação de escritor com cidade alimenta fascínio
A história toda da ligação de Antoine de Saint-Exupéry com a Capital catarinense é lendária. Uma vez deslocado para trabalhar em Buenos Aires (1928-1930), o piloto-escritor chegou a pousar algumas vezes em Florianópolis. Por ali, tornou-se conhecido entre os ilhéus como “Zeperri”, pois tinha um nome de difícil pronúncia. O nome e o personagem passaram a integrar a história e o imaginário da cidade. Saint-Exupéry citou Florianópolis no seu livro Voo Noturno.
O terreno onde esteve o aeródromo continua preservado no Campeche., bem como a casa de pilotos, que recebeu dos pescadores locais o apelido de “popote” (refeição, em português). A palavra era uma das que mais ouviam dos pilotos e mecânicos franceses que lá pousaram seus aviões.