Antes da chegada e implantação da Latécoère-Aéropostale em Santos, a cidade já demonstrava pioneirismo na aviação. Primeiramente, por ter um dos percussores: o Padre Bartolomeu Gusmão (1685-1724), nascido em Santos, é o inventor do aeróstato. De fato, antecedendo em 74 anos a experiência dos irmãos Montgolfier, o erudito padre brasileiro mostrou à corte portuguesa uma invenção que voava; era seu balão “Passarola”. Na Europa, o Padre continuou seus experimentos, porém, perseguido por inquisidores e dado como “maluco” por outros, teve dificuldades em manter-se ligado à corte portuguesa.
Foram os franceses a abrir mão da primazia da invenção do aeróstato pelos Montgonfier, reconhecendo a validade da documentação das experiências de Bartolomeu Gusmão e foi fundada na França a Académie Aéronautique Bartolomeu Gusmão… Em 1922, centenário da Independência do Brasil, Sacadura Cabral e Gago Coutinho estiveram presentes em Santos na inauguração de um monumento ao Padre Bartolomeu Gusmão.
No século XX, nas areias das praias de Santos, alguns pousos e decolagens arrojados aconteceram. O intrépido aviador brasileiro Eduardo Chaves, conhecido como Edu Chaves (1887-1975), fez a primeira viagem entre Santos e São Paulo de avião. Com formação em Étampes, na França, Edu Chaves foi o primeiro brevetado dos brasileiros, em 1911. E o primeiro a realizar uma travessia noturna, num raide entre Paris e Orléans, em 31 de outubro daquele mesmo ano. Com todo esse pioneirismo, Edu Chaves trouxe ao Brasil aviões encaixotados e fez a escola da Guapira em São Paulo, onde recebeu os pilotos da Latécoère em 15 de janeiro de 1925. Há, no jornal O Estado de São Paulo, fotografia de Edu Chaves tomando café com os amigos franceses, Roig, Vachet e demais.
Em 8 de setembro de 1912, sobrevoou a praia de José Menino com um avião Blériot, que montou na própria praia. E com Roland Garros, participou de um raide São Paulo-Santos ida e volta. Garros, com o avião avariado, recebeu de Chaves peças para troca, mesmo que este também fosse competidor. No voo de volta, estavam juntos e trouxeram a primeira carta aérea, aterrissando no Parque Antártica em São Paulo.
Com esses precedentes, a cidade de Santos já conhecia algumas experiências na balbuciante aviação. Foi no que se chama a “Baixada Santista” que os pioneiros da Aéropostale realizaram sua escala. Incialmente descendo na praia de José Menino e posteriormente, com a realização da escala, no terreno da Praia Grande, região completamente desabitada à época. Assim, mesmo quando ali estavam, os pilotos, se necessário, costumavam pernoitar na Vila Belmiro.
No âmbito do patrimônio restante da Aéropostale, Santos tem riquíssimos vestígios, tanto materiais quanto imateriais.