Para completar essa rede de aeródromos necessários em função de um raio de ação dos aviões previstos, faltava o de Vitória. Do Rio, eu fui para lá algumas semanas mais tarde, de trem, e obtive, sempre gratuitamente, do governador do Estado do Espírito Santo, do qual Vitória é capital, a superfície necessária, situada numa reunião plana, mas coberta de uma abundante vegetação tropical”.
Paul Vachet, do livro: Avant les Jets, 1954
Como esta (superfície) não me permitia ver muito longe à minha frente, para poder verificar se o terreno não oferecia desníveis muito marcados, precisei abrir picadas na floresta que o recobria, atravessando-o de um lado a outro em várias direções. Essas picadas eram feitas com sabre de abate (machete) no meio de todas as emboscadas da floresta: cipós, insetos, répteis, etc.”
(Paul Vachet, Avant les Jets, 1954)
Em matéria do Diário da Manhã, escrevia Hélio Silva:
“Ao saltar no aeródromo de Vitória, apertei a mão aos companheiros e a esse bravo Chenu (piloto).
(...)
Eu, aproveitando uma conquista do Progresso fora, apenas, homem do meu século. E, proclamando o bem da aviação, concorria com minha parte nessa obra, que os governos e governados do Brasil devem fazer:- Incrementar a aviação comercial, que será a fórmula de podermos nos valer, das possibilidades de nosso território – rico, mas vasto – para a conquista da hegemonia econômica”.
Reportagem intitulada “Bilhete do Alto”, do jornal Diário da Manhã de 26/08/1928
Podemos dizer que é um belo campo de aterrissagem o da C.G.A, no pitoresco distrito de Goiabeiras.
A Companhia instalou no sentido horizontal uma linha de projetores, que são alimentados por um grupo gerador de alta potência, para as aterrissagens noturnas e tem uma linha de balizamento, para indicar os pontos ainda alagadiços.
Reportagem intitulada “Uma visita ao campo da CGA em Goiabeiras”, do jornal Correio da Manhã de 26/04/1929
(...)
O hangar é de regular tamanho, comportando bem cinco aparelhos do tipo comum. A companhia construiu o edifício para escritório e residência na linha direita da rodovia Vitória-Serra, dentro do Campo”.
A edição 173 da revista Vida Capixaba, de 1929 traz a matéria “Um voo de Vitória ao Rio”. É o relato do secretário de governo quando de sua viagem com o piloto Chenu de Vitória ao Campo dos Afonsos. Entre os detalhes (sobretudo da paisagem capixaba), o secretário menciona o barulho do motor do avião e a necessidade de se comunicar por escrito (bilhetes) com os passageiros e o piloto Chenu. Este lhes passará dois bilhetes, ambos em francês. Isso demonstra a naturalidade com que os brasileiros instruídos da época falavam a língua francesa.
O mecânico da Aéropostale Jean-René Léfèbvre era o único responsável pela escala de Vitória de 1928 a 1929. Jean Mermoz, piloto responsável pelas escalas, passava vez por outra por ali.
Afora suas atividades puramente técnicas, Jean-René Léfèbvre tinha de manter o terreno, pois ele era o único gestionário. (...) Em Vitória, ele precisava, toda manhã, com uma foice na mão, capinar um quadradinho dos cem hectares da base. Quando chegava ao fim do terreno, só restava recomeçar."
Claude Mossé, do livro Mécano de Saint-Ex, 1984
Os voos noturnos eram um problema aparentemente insolúvel: a iluminação daquilo que era difícil de chamar de pista. A eletricidade, instalada na edificação da escala, não podia alimentar o terreno de pouso; era preciso dispor de lampiões para permitir que os aviões pousassem à noite. Esses lampiões serviam também no rancho (popote) ou nos quartos. O cheiro de querosene espantava os terríveis insetos. O único problema é que tais lampiões, em caso de temporal, ficavam totalmente inutilizáveis”.
Claude Mossé, do livro Mécano de Saint-Ex, 1984