Patrimônio Material

Vestígios

Popote de Santos

Popote de Santos

O terreno do antigo aeródoromo e escala de Santos encontra-se integralmente preservado, sem intervenções imobiliárias por enquanto. Está ameaçado, como a maioria dos grandes espaços em regiões urbanas de grande crescimento. Situa-se na Praia Grande que, à época, era tida como “Santos”. Ali, o piloto Paul Vachet adquiriu a área de uma senhora de origem francesa (basca) e o preparou. Esse fato é relatado pelo senhor Carlos Cirilo, aviador aposentado, hoje com 91 anos, neto dessa senhora.

De todo modo, o terreno de Santos, após a epopeia da Aéropostale e da Air France, funcionou por muitos anos como Aeroclube de Santos, um dos primeiros do Brasil, onde muitos pilotos foram brevetados. Desativada, a área corre o risco de não ser devidamente interpretada e acabar sendo esfacelada. Aliás, o descaso das autoridades para com a História já levou à desintegração o antigo casarão de pilotos ali existente, conforme fotografias atestam.

foto Marie-Cécile Desalbres

foto Marie-Cécile Desalbres

Documentos

Amostra de café - Transporte Aéropostale

Amostra de café – Transporte Aéropostale

Raríssimos são os testemunhos vivos da época da Aéropostale. Santos é das cidades que podem contar com um deles: o senhor Carlos Cirilo, nascido em 1924, cuja avó, de origem basca, tinha casa e terreno na Praia Grande, então Santos. Ali, conta o Senhor Cirilo ter passado as suas férias de infância. Completamente lúcido e organizado, ele orgulhosamente mostra seu álbum de fotos com imagens de Jean Mermoz e do local à época. Relata ainda que aos cinco anos, teria realizado, numa cadeira de vime atada ao banco do avião, um voo com sua mãe num avião da Aéropostale pilotado por Saint-Exupéry. A experiência, muito marcante, e as férias gozadas junto a aviões que subiam e desciam na antiga escala de Santos, levaram-no à carreira de piloto civil.  Sua avó, que falava naturalmente francês, bem como sua mãe, costumavam tomar café com os pilotos na casa que conservaram junto ao campo. Essas relações de amizade são as mesmas de que se tem notícia noutras escalas do Brasil.

A Tribuna

A Tribuna

Há fotografias da antiga escala de Santos, bem como de aviões em pane nas praias, certamente na de José Menino, onde ocorreram os primeiros pousos. Além disso, encontram-se antigas reportagens do jornal A Tribuna, noticiando a passagem de um ou outro piloto, revelando um pouco da situação da escala. Subsistem também alguns envelopes da antiga Aéropostale, nos quais eram transportadas as amostras de café e cartas, faturas etc. em função da Bolsa de Café, cujo movimento era intenso em Santos. O conjunto valida a expressão da escala de Santos que era, no entanto, escala de apoio, mas tão equipada quanto todas as demais. Sua preservação é necessária em respeito à memória da história da aviação do Brasil, pois por ali passaram os ases da aviação francesa, decerto, mas também Edu Chaves. E, na baixada santista, nasceu o precursor da aviação, Bartolomeu Gusmão.

Livro de J. Muniz Jr. traz as histórias da aviação em Santos

Livro de J. Muniz Jr. traz as histórias da aviação em Santos