Os franceses não estiveram presentes em Santos nos primórdios de sua colonização no século XVI, como aconteceu no Rio de Janeiro e no Nordeste. A pronta ocupação portuguesa, com a vinda dos padres jesuítas para catequizar os índios, preservou essa parte da colônia de invasões, mas não evitou os ataques de piratas e corsários ao longo do século XVII. Nesse contexto, o corsário François Duclerc atacou Santos em 1710, mas a cidade conseguiu defender-se, o que fez com ele fosse ao Rio de Janeiro, onde viria a morrer e a ser vingado pelo temível Dugay-Trouin dois anos mais tarde.
Se não é possível ainda falar-se em influência, pode-se dizer que esta viria mais tarde, com a França já tida como nação culturalmente inspiradora do Brasil. Assim, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), grande articulador da independência do país – e também participante da consolidação da Independência dos Estados Unidos da América –, viveu tempos na França. Primeiramente, nos tempos revolucionários, quando estudou mineralogia e foi brilhante: tornou-se membro da Sociedade Filomática de Paris e da Sociedade de História Natural, apresentando trabalho sobre os diamantes do Brasil.
Depois de 36 anos na Europa, José Bonifácio retornou ao Brasil e participou ativamente do processo de Independência – articulou-o. Pertencente à Maçonaria, teve desentendimentos com outros membros, e as emboscadas políticas o fizeram ser deportado. Foi então que morou em Bordeaux por cinco anos. Sua casa, à rua Palais-Gallien (n.171) é um ponto turístico designado como tendo sido sua residência.
Não obstante essas trocas culturais, o que marcaria as relações franco-brasileiras em Santos seria mesmo o advento da aviação no século XX, com a implantação da Aéropostale e seu terreno na Praia Grande. Antes disso, já o aviador brasileiro (formado na França), Edu Chaves, realizara, com Roland Garros, voos na região.