As aventuras de “Zeperri”
Documentário. Filme catarinense sobre o autor de “O Pequeno Príncipe” ganha destaque em São Paulo
Por Lúcia Valentim Rodrigues
Autor de “O Pequeno Príncipe” (1943), o francês Antoine Saint-Exupéry tinha o nome difícil de pronunciar. Ao menos assim pensavam os pescadores de Florianópolis, por onde o escritor e também piloto de avião passou no final dos anos 20. Resultado: virou Zeperri.
Assim são os relatos coletados por Mônica Cristina Corrêa em “De Saint-Exupéry a Zeperri”, documentário que foi exibido na semana passada na Sala Cinemateca, em São Paulo. Este ano, a produção dirigida por Branca Regina Rosa também foi exibida pela RIC Record, em Florianópolis, e Record News para todo o Estado.
Com 50 minutos, foi feito com R$ 160 mil, captados via Lei Rouanet, e reúne depoi¬mentos da família, especialistas e descendentes de gente que o conheceu no Brasil.
O projeto nasceu por acaso. Com problema na reserva do hotel nas férias, a tradutora e doutora em literatura pela USP teve de ser realojada numa tal pousada Zeperri. Foi descobrir que o nome era uma homenagem ao autor do livro. “Cada um que eu entrevistava me mostrava um caminho. Acabei montando um quebra-cabeças.”
Já no início, aborda a morte do piloto, em 1944, aos 44, durante um voo de reconhecimento pelo Mediterrâneo.
A pesquisadora aliou as entrevistas com moradores locais e descendentes de Saint-Exupéry a documentos que comprovassem esse material. Pouca coisa encontrou no Brasil, mas na França pôde documentar o que ouvia.
“Já que Saint-Exupéry não tinha uma rota obrigatória aqui, existem só fatos aleatórios de uma escala remota. Daí a escassez de documentos”, diz ela. “Santa Catarina era isolada em 1929.”
Foram importantes para o documentário relatos de gente simples como o da primeira mulher que trabalhou nos Correios catarinenses, hoje aos 98, que ainda se lembrava do autor. “Ela foi um achado.