Estudantes conhecem Exupéry
História. Escolas visitam local onde escritor-piloto francês se hospedava em Florianópolis
por Emanuelle Gomes
Florianópolis — Foi numa viagem de férias à Capital que Mônica Corrêa, mentora do projeto “De Saint-Exupéry a Zeperri”, se apaixonou pelas histórias contadas pelos pescadores sobre o aviador e escritor da obra “O Pequeno Príncipe”: Antoine de Saint-Exupéry. Há três anos, a paulista decidiu morar em Florianópolis para recuperar as passagens do aviador pelo Campeche e hoje coordena a restauração do patrimônio histórico e documentação de relatos que estão se perdendo com o tempo.
Em 1929, Saint-Exupéry foi nomeado chefe da Aéropostale, empresa de correio aéreo francês, na Argentina, e realizou voos aleatórios pela Ilha. Eles e outros aviadores ficavam hospedados no Campeche para descansar e reabastecer os aviões em uma casa chamada ‘popote’. Havia outras 11 iguais a essa em todo o país, mas a do Campeche é a única que ainda está em pé. Com esse projeto, ela abrigará o primeiro Centro Cultural do Sul da Ilha, conta Mônica.
A ideia do projeto para o antigo casarão dos pilotos franceses, administrado pela Secretaria Municipal de Educação, com o apoio da Secretaria de Estado de Turismo, Cultura e Esporte e de instituições francesas, é criar uma área com exposição doada à cidade pela Aéropostale, denominada “Memorial Pilotos e Pescadores Antoine Saint-Exupéry”. O local abrigará área comunitária com salas para exibição de filmes e palestras. Também haverá visitas guiadas.
Segundo Mônica, o processo para reformar a casa em que ficou hospedado Saint-Exupéry está em trâmites finais para abertura das licitações.
Para secretário, parte mais difícil do projeto já foi vencida
O secretário municipal de Educação, Rodolfo Pinto da Luz, explica que o processo do casarão está avançando e que falta apenas a aprovação do Ministério da Cultura. “A parte mais difícil foi a elaboração do projeto. Agora falta apenas isso para podermos captar recursos para o restauro por meio da Lei Rouanet. Mas acredito que o Ministério deve apoiar, já que não é só de interesse local e sim nacional. É a recuperação da memória dos aviadores franceses que estiveram no Brasil”, comenta.
A Fundação Franklin Cascaes será a responsável pelas atividades culturais do espaço depois da reforma. “O local vai se unir com a cultura local, o que promete deixá-lo menos estático”, diz o secretário.
Criançada tem aula na casa dos aviadores e no campo de pouso
A professora do Colégio Atitude Jaqueline Maciel ficou sabendo do projeto de visita pela Internet depois que seus alunos se interessaram pela obra de Saint-Exupéry, “O Pequeno Príncipe”. Duas turmas, de 19 crianças entre quatro e cinco anos, passearam pelo Campeche e conheceram as histórias. A visita não ficou apenas na casa dos aviadores, mas também foram ao campo de pouso dos aviões. Mônica Corrêa levou a criançada para conhecer o rancho dos pescadores que eram amigos do escritor e as dunas onde Saint-Exupéry ficava observando a pesca e a Ilha do Campeche. “A gente explica em sala de aula, mas ver as coisas fica muito mais vivo para elas”, observa a professora Jaqueline.
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