Imprensa
24/07/2009

Reconstruindo os entrelaces de Saint-Exupéry a Zeperri

Jornal Artesanato por Luana Garcia

24/07/2009

Reconstruindo os entrelaces de Saint-Exupéry a Zeperri

Quem, nos últimos tempos, visitou a praia do Campeche, talvez, nem possa imaginar que um dia aquele bairro foi ponto de parada para o piloto francês Saint-Exupéry, autor do livro Pequeno Príncipe. E, aqueles que já se admiravam com a beleza natural do local, poderão apreciar também, a partir do final deste ano, um pouco mais da história de Zeperri, como era chamado pela comunidade pesqueira desta praia.
A revitalização das memórias de Saint-Exupéry nasceu de um projeto da Doutora em Língua e Literatura Francesa pela Universidade de São Paulo – USP-, Mônica Cristina Corrêa que, durante sua exposição sobre Saint-Exupéry, em Florianópolis, teve contato com moradores que conviveram com as histórias deste e de outros franceses que ao chegarem ao território catarinense se abrigavam em uma casa no Campeche. “Senti a importância de tudo o que representava o casarão e fui à luta para sua revitalização”, conta a doutora.

A fim de consolidar a passagem que transformou Saint-Exupéry em Zeperri e transformar em realidade esse sonho, que passou a ser seu também, Mônica foi até a Prefeitura da Capital que, através da Fundação Franklin Cascaes, disponibilizou-se a colaborar no resgate dessa história franco-brasileira. “A casa será um memorial designado por “Pilotos e pescadores”. Ela é a prova material da convivência dos franceses e dos ilhéus”, afirma.

De acordo com a arquiteta Juliana Ramos, a principal preocupação é manter a autenticidade da Casa. “O critério de intervenção adotado é conservar ao máximo os materiais e as técnicas originais”, revela, salientando, ainda, que o projeto de restauração e revitalização do antigo Casarão dos Pilotos compreende a integração entre os espaços, com a proposta de valorizar o conjunto. “O terreno também está incluso no Projeto e resultará, ao final, como elemento paisagístico e de lazer”, observa.

Com a finalização da obra, que está prevista para novembro deste ano, incluindo-se nas comemorações do Ano da França no Brasil, a Casa promoverá à comunidade local, segundo Juliana Ramos, um espaço cultural e oficinas gratuitas. “O bairro do Campeche poderá usufruir de atividades literárias e de artesanato, além de oficinas de capacitação diversas, como as de valorização da pesca artesanal”, diz. Além disso, a arquiteta considera que o resgate possibilita, ainda, discussões literárias e questões sobre a educação patrimonial.

Mas as contribuições não param por aí. O Casarão vai abrigar também uma exposição permanente sobre Saint-Exupéry com um painel sobre a sua passagem na Ilha. “Haverá também o filme que contará essa história, um documentário que ficará na casa e também nas escolas e centros culturais”, antecipa Monica Corrêa. E, embora a reforma estimule o lúdico e inspire sonhos, a doutora em Língua e Literatura Francesa pontua que todas as informações foram baseadas nas histórias dos pescadores e em documentos franceses a respeito do assunto. “A parte imaginária, que cada um traz em si sobre essa passagem, é algo reservado a cada encontro na Ilha, nas visitas, na viagem que a história que terá, agora em diante”, conclui.

Texto: Luana Garcia
Imagens: Divulgação
Foto: Divulgação