A Aéropostale foi antes a LATÉCOÈRE, uma companhia de correio aéreo francesa que surgiu em 1918, por iniciativa de um grande industrial de Toulouse (sul da França): Pierre Georges Latécoère. Portanto, é uma história que já completa cem anos. Mas a importância dessa companhia está ligada à História da aviação no século 20 e, por terem sido empregados em seu quadro de funcionários ases como Jean Mermoz, Marcel Reine, Paul Vachet e outros, além do lendário piloto e escritor Antoine de Saint-Exupéry, autor de O Pequeno Príncipe (1943), a herança da companhia faz parte da memória da aviação.Outros motivos ainda tornam a história da Aéropostale sui generis: ela foi a mais longa companhia aérea do mundo nas décadas de 1920 e 1930 e, depois, em 1933, foi adquirida por outras quatro companhias francesas que já estavam fusionadas. As cinco companhias se tornaram, então, a Air France, que trilha os céus do mundo até hoje.
Na época em que surgiu a Aéropostale, voar era ainda uma aventura. Por isso, sua implantação foi por etapas. A companhia fez os primeiros voos de Toulouse a Barcelona, depois Málaga e, enfim, desafiando as perigosas montanhas que separam a França da Espanha, em aviões para lá de precários, atravessou para a África, onde a França tinha colônias (Marrocos, Argélia, Senegal etc.). Essa travessia se constituía numa verdadeira peripécia, pois os aviões usados eram os remanescentes da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), principalmente o Breguet XIV, que tinha pouca autonomia de voo, teto aquém de cinco mil metros e velocidade de cruzeiro em torno de 150km/h.
Some-se o fato de a cabine ser aberta e a segurança praticamente nula. E assim mesmo, pilotos e mecânicos se arriscavam a atravessar o Estreito de Gibraltar e sobrevoar o deserto do Saara.
Mas as ambições de Latécoère não eram mensuráveis: em 1924, suas prospecções se estenderam para a América do Sul, aonde ele mandou uma equipe para fazer estudos. Neste continente, como era natural, o Brasil tinha o trecho mais longo a ser trasposto.Latécoère sonhava alto, sem dúvida, mas os aviões da época não chegavam a tanto, e ainda não atravessavam o oceano Atlântico (isso só acontecerá ao longo da década de 1930). Por isso, o correio era trazido de navio da ponta mais extrema da África para a mais extrema do Brasil, ou seja, de São Luís do Senegal até Natal. De Toulouse até São Luís do Senegal, as cartas eram transportadas de avião; do mesmo modo, em Natal, fazia-se o transbordo dos malotes do correio do navio para um avião da Latécoère e estes eram conduzidos até Buenos Aires, na Argentina ou Santiago do Chile.
O Avião Breguet XIV
O Breguet XIV foi fabricado em 1916 para a Primeira Guerra Mundial e tem o nome de seu criador, Louis Breguet (hoje, dono da empresa de relógios). Depois, o avião foi empregado na aviação militar nascente de alguns países (inclusive o Brasil). Em 1994, a nota de 50 francos da moeda francesa corrente, tinha o Breguet XIV estampada, ligando-o à imagem de Saint-Exupéry e do Pequeno Príncipe. O Bregeut XIV passou a ter missões no correio aéreo a partir da fundação das empresas Latécoère. Foram produzidos 8.200 exemplares. Não há mais aviões desse modelo funcionando, apenas um no Bourget (museu do Ar em Paris, na França) e outro na Finlândia. De 1992 a 2009, uma associação fez a réplica do avião e os sobrevoos das antigas escalas.
Envergadura | 14,36 m |
Comprimento | 8,37 m |
Altura | 3,15 m |
Peso | 1.238 kg |
Capacidade | 1.765 kg |
Carga útil | 350 kg |
Velocidade | 150 km/h |
Alcance | 460 km |
Teto | 4.500 m |