Alma de artista, Élise Deroche, nascida em Paris em 1882, além de pintar e esculpir, tornou-se atriz e foi pelo teatro que ela adotou o pseudônimo de “Raymonde de Laroche”. Numa época em que voar era sonho para poucos aventureiros, Élise Deroche fez história: ela se tornaria a primeira aviadora brevetada da França e, pelo que se sabe, no mundo.
A entrada de Élise no universo da aviação se deu através de seu contato com os mais representativos pilotos e construtores à época. Tendo conhecido Léon Delagrange, que era também escultor, ela conheceu os irmãos Gabriel e Charles Voisin, os primeiros a ter uma “indústria aeronáutica”. Muito amiga de Charles, é com ele que Élise vai aprender a pilotar. Conta-se que já na primeira “aula”, o amigo instrutor lhe dava as coordenadas para taxiar a aeronave no solo, mas ela teria voado por alguns metros sozinha, para espanto de todos. Em 1910, ela obtinha o brevê n. 36 do Aéroclub de France.
Por realizar um voo de quatro horas sem escalas, feito de grande importância para a época, a Baronesa de la Roche – como ficou conhecida (embora não fosse de origem aristocrática) –, recebeu em 1913 o prêmio Coupe Femina, concedido pelo Aeroclube de França à aviadora que conseguisse percorrer a maior distância em voo no ano em questão. Criado em 1910, o prêmio era anunciado na Femina Magazine, revista feminina francesa que existe desde 1901.
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A “baronesa” da aviação participará de vários meetings aéreos na França e no exterior. Encantou o czar russo Nicolau II em São Petersburgo e diz-se que ele, ao parabenizá-la pessoalmente, a teria então tratado pelo título de nobreza com o qual ficou conhecida. Em 1910, a aviadora sofre, durante o meeting aéreo da cidade de Reims, um grave acidente em seu avião. Com 18 fraturas, ficou imobilizada quase dois anos, mas depois voltou a voar.
Em 26 de setembro de 1912, Elise Deroche saiu ilesa de um acidente de automóvel em cujo volante estava seu amigo íntimo, Charles Voisin, que perdeu a vida. Nada, porém, a demoveu de sua ambição de voar.
Élise Deroche havia estabelecido dois recordes de altitude, os quais, entretanto, não foram reconhecidos pela Federação Aeronáutica Internacional, pois esta só passaria a registrar os voos empreendidos por mulheres em 1929.
Em 18 de julho de 1919, ela morreu num acidente quando realizava, junto de outro piloto, o teste de um avião. Mesmo nesse momento, a baronesa do ar se mostrava pioneira: há cem anos, ela era a primeira mulher a realizar um voo de ensaio…
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