Figura também emblemática é a da norte-americana Amelia Earhart. No início da década de 1920, Amelia Earhart, nascida em 24 de julho de 1897, Kansas, teve instruções de voo com outra pioneira da aviação: Neta Snook (1896-1991), a primeira a disputar uma corrida aérea e a administrar um aeródromo comercial.
A aluna superaria a mestra que praticamente abandonou a carreira depois de se casar e engravidar. Em 1932, Amelia se tornou famosa ao atravessar o Atlântico em voo solo sem escalas num pequeno monomotor Fokker F. VII.
Cinco anos após essa façanha, ela desapareceria sobre o Pacífico no comando de um Lockheed 10E Electra quando tentava circum-navegar a Terra, junto de seu navegador Fred Noonam.
O voo, que partiu de Miami, na Flórida, no dia 1º de junho de 1937, já fizera escalas na América do Sul, África, Índia e sudoeste da Ásia, percorrendo 35.000 km até chegar a Nova Guiné no dia 29. Ainda restavam 11.000 km de viagem para que se completasse a volta ao redor do globo. Em dois de julho, porém, Amelia decolou rumo à ilha Howland, aproximadamente na metade do caminho entre o Havaí e a Austrália, e não chegou ao seu destino. O avião e seus tripulantes desapareceram, deixando atrás de si um dos maiores mistérios da aviação.
Apesar das buscas custosas e insistentes por Amelia Earhart à época, nunca foram encontrados os destroços do seu avião. Todavia, em 1940, foi descoberta uma ossada na ilha Nikumaroro, a 3.000 km a sudoeste do Havaí. As análises do material permaneceram inconclusivas sobre a pertença ou não à intrépida aviadora americana. Em 2018, porém, o antropólogo Richard Jantz, munido das modernas técnicas de investigação, concluiu que os fragmentos encontrados tinham 99% de chances de realmente serem de Amelia Earhart. A conclusão se reforça especialmente porque junto à ossada foram também achados um sapato de mulher, um instrumento naval provavelmente pertencente ao navegador e a garrafa de um licor frequentemente consumido pela pilota, o Bénédictine.
O mistério em torno do desaparecimento da aviadora acrescentou aspectos lendários à sua breve, porém rica biografia. Ela, que já tinha uma marca de roupas, também foi escritora de sucesso. Publicou artigos e ensaios, e deixou dois livros baseados em suas experiências. Um terceiro, reunindo seus escritos, Last Flignt, foi organizado por seu marido, George Putman, com quem se casara em 1931, mas cujo nome ela não aderiu. Feminista já em seu tempo, Earhart, em sua última carta ao companheiro, escreveu: “As mulheres devem tentar fazer coisas como os homens tentaram. Quando elas fracassam, seus fracassos devem servir de desafio às outras”. Assim, ela continua a inspirar mulheres a viver de forma plena. Mais do que um possível epitáfio, suas palavras podem traduzir sua arrojada visão de mundo: “Todos têm a imensidão para sobrevoar, se tiverem espírito para fazê-lo. É temerário? Talvez, mas o que sabem os sonhos sobre limites?”
Leia mais: