Jornalista, roteirista de cinema, aviadora, Harriet Quimby nascida em Michigan (EUA) em 1875, foi a primeira mulher a obter um brevê de piloto no Aero Club of America, já em 1911.
Depois de anos exercendo a profissão de jornalista, foi ela mesma que virou notícia, já que venceu uma prova de “cross country”, realizou um voo noturno, tornou-se uma celebridade. Os fãs a chamavam de “a garota-pássaro”.
Foi como crítica de dramaturgia que Harriet se tornou um nome respeitado e conhecido e com essa profissão ela, que nunca se casou, assegurou seu próprio sustento e o de seus pais. Apaixonada por automóveis, a jovem jornalista chegou a escrever um artigo sobre a sensação da velocidade e da liberdade que os carros lhe traziam. Há de entender-se sua paixão por aviões um pouco mais tarde…
Em 1910, a Leslie Magazine pagava o curso de pilotagem a Harriet em troca de suas crônicas sobre essa aprendizagem. E no primeiro artigo, Harriet abordou o tema a roupa que deveriam usar as pilotas. Ela, de fato, arrancava suspiros em seu traje de cetim roxo e botas de salto alto, desafiando conceitos de que pilotar exigiria trajes mais grosseiros e “masculinos”.
Meses após obter seu brevê, Harriet deixou os EUA para, em 16 de abril de 1912, cruzar os céus entre Dover (Inglaterra) e Calais (França). O próprio pioneiro nesse feito, Louis Blériot, que atravessara o canal da Mancha no sentido inverso, da França para a Inglaterra, em 1909, foi quem emprestou, não sem muito ceticismo, um de seus aviões à jovem Harriet. Mas a aviadora provou sua audácia ao se tornar a primeira mulher a atravessar aquele canal.
As notícias do pioneirismo da norte-americana só tiveram menos espaço nas manchetes do que as do naufrágio do transatlântico Titanic, que ocorrera dois dias antes de seu voo.
Mas infelizmente Harriet teve pouco tempo para desfrutar as glórias por sua façanha. Em julho do mesmo ano, por ocasião de um meeting aéreo em Boston (EUA), ela foi ejetada de um monomotor Blériot XI, assim como seu passageiro, William Williard, coordenador do evento, devido a uma súbita guinada do aparelho quando eles sobrevoavam o litoral da cidade. Ambos morreram diante de uma plateia estarrecida de quase cinco mil pessoas.
Em artigo publicado na Good Housekeeping – revista direcionada ao público feminino mais tradicional da classe média norte-americana da época e que abria espaço, entre receitas e dicas de beleza e saúde, às colaboradoras ilustres –, Harriet deixou registrada a sensação de “estar no céu”: “ Não há (nada) que proporcione a mesma quantidade de excitação e prazer. ”
Seu nome entrou para o National Aviation Hall of Fame, que presta homenagem aos pioneiros da aviação no país.
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